O problema enfrentado por produtores de várias regiões do país, em especial do Oeste e da serra catarinense motivou o senador Dário Berger (PMDB-SC) a apresentar requerimento solicitando uma Audiência Pública para debater o controle do javali europeu e do javaporco. A Audiência foi realizada na manhã desta quinta-feira, dia 17, na Comissão de Agricultura e Reforma Agrária –CRA, do Senado Federal.
No encontro, especialistas afirmaram que o javali europeu, espécie exótica introduzida no país para criação comercial, se dispersou de forma rápida e hoje ameaça a diversidade biológica, destrói plantações e oferece riscos à saúde humana.
O animal, que tem se proliferado no Brasil, não é nativo e não tem predadores naturais no país. Desde 2013, o Ibama regulamentou a caça como medida de controle populacional da espécie, mas o problema persiste. De acordo com o Senador Dário, “esses animais circulam de lavoura a lavoura, deixando um rastro destruidor incalculável, jamais visto na história do planalto catarinense. Isto é um assunto muito sério, e requer a adoção de medidas articuladas entre sociedade e órgãos públicos federais, estaduais e municipais. Por conta do javali europeu doenças já superadas podem voltar aos rebanhos brasileiros, prejudicando até a exportação de carne”.
A espécie é considerada uma praga para a agricultura, fauna e flora, com riscos para a segurança sanitária e para a economia. Para Ugo Eichler Vercillo, do Ministério do Meio Ambiente (MMA), o javali compete com espécies nativas, como queixada e cateto (também conhecido como caititu); altera nascentes e pequenos cursos de água; e é predador de anfíbios, répteis e pequenos mamíferos. “Além dos impactos econômicos, pela destruição de lavouras, os animais atacam trabalhadores nas fazendas e transmitem doenças ao ser humano”, afirmou.
Atualmente, o javali selvagem está disseminado em 15 estados brasileiros e seu controle é feito por armadilhas e pela caça autorizada por instrução normativa do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis (Ibama). A permissão se deve à “declarada nocividade da espécie exótica invasora”, disse João Riograndense, coordenador de Autorização de Uso e Gestão de Fauna e Recursos Pesqueiros do Ibama. “Esse problema é de toda a sociedade brasileira. Precisamos conscientizar nossa população de que o Ibama autoriza [a caça] porque esse animal causa sérios prejuízos à saúde pública, ao ambiente e à economia”, alertou.
O prefeito de Campo Belo do Sul (Região onde existe maior infestação da espécie em SC), Pe. Edilson José de Souza, também participou do debato. Segundo ele os municípios pequenos estão sofrendo. “Enquanto se discute a desburocratização do assunto nós pagamos o preço. É preciso um entendimento de que estamos vivenciando uma epidemia grave e que pode se proliferar caso não sejam tomadas efetivas atitudes para conte-lá”, alertou.

Dário garantiu que irá propor a união dos órgãos buscando a solução desta epidemia:

Queremos  um debate maior em torno da desburocratização do armamento necessário para o abate, além das regras que hoje dificultam o controle da espécie.”, disse.

Também participaram da Audiência o Coordenador da Rede Aqui Tem Javali, Rafael Salerno; o Procurador Jurídico da Fundação do Meio Ambiente de Santa Catarina, João Pimenta; o deputado federal Rogério Peninha Mendonça; o deputado estadual, Gabriel Ribeiro; e os senadores Waldemir Moka (PMDB-MS), Blairo Maggi (PR-MT) e Wellington Fagundes (PR-MT).