Para reduzir o preço da ração e salvar a suinocultura de Santa Catarina, o senador Dário Berger (PMDB – SC), juntamente com demais parlamentares, estiveram reunidos nesta quinta-feira (28) na Comissão de Agricultura e Reforma Agrária (CRA) e pediram urgência na adoção de medidas como a isenção de PIS e Cofins na importação de milho, aumento da liberação dos estoques de grãos disponíveis na CONAB para Santa Catarina, sensibilização das autoridades responsáveis por estabelecer as alíquotas do ICMS do milho para venda interestadual, a fim de que essas sejam reduzidas e, consequentemente, o grão produzido no centro-oeste chegue ao pecuarista catarinenses com preços mais acessíveis.
Como explicou o senador catarinense, requerente da audiência, o milho é o principal insumo na alimentação de suínos e a alta do preço do grão tem inviabilizado a atividade.
Santa Catarina é o maior produtor brasileiro de carne suína, abastecendo o mercado com 800 mil toneladas anuais, mas enfrenta o alto custo de produção, que pode inviabilizar a suinocultura no estado. Vejam, a incoerência e a dificuldade. O quilo do suíno hoje vivo rende em torno de R$ 3,20, mas o custo de produção atualmente é de aproximadamente R$ 4. Os produtores estão pagando para produzir. É uma morte anunciada.”, alertou o parlamentar.
Assim como Berger, o senador Blairo Maggi (PR-MT) cobrou agilidade na adoção de medidas emergenciais.
Quando se lida com agropecuária, não se pode demorar um mês, dois meses para tomar uma decisão, senão já perdeu a lavoura, já perdeu a criação. A decisão tem que ser de hoje para amanhã.”, explicou.
Desequilíbrio
As dificuldades dos suinocultores foram relatadas por Losivânio de Lorenzi, presidente da Associação Catarinense de Criadores de Suínos, durante o debate na CRA. Em 2014, contou, o produtor comprava seis quilos de milho com a venda de um quilo de carne suína. Hoje, consegue comprar apenas três quilos do grão com o que recebe pelo quilo do suíno.
Como afirmou, a suinocultura não consegue acompanhar a alta do preço do milho, que chegou a 70% nos últimos 12 meses. O problema foi causado pelo aumento das exportações de milho, alavancadas pela alta do dólar. Em consequência, caiu a quantidade do produto no mercado interno, resultando na elevação de preços.
Segundo Nilo de Sá, diretor da Associação Brasileira dos Criadores de Suínos, o produtor gasta hoje R$ 3,90 para produzir um quilo de suíno, mas não consegue mais do que R$ 2,60 por quilo do animal que comercializa.
— Se houver uma quebradeira nesse setor, o que ocorrerá se algo não for feito de imediato, a economia de Santa Catarina estará comprometida — alertou.
Medidas emergenciais
Conforme Athos Lopes Filho, da Secretaria da Agricultura do governo de Santa Catarina, a principal preocupação tem sido com os pequenos produtores, que não têm recursos para manter os animais.
Além de medidas estaduais para desonerar a importação de milho, ele disse que o governo de Santa Catarina também estuda formas para viabilizar a compra do grão produzido em Mato Grosso, utilizando a rede ferroviária para reduzir o preço do frete.
Para socorrer pequenos criadores, Newton Araújo Silva Júnior, superintendente de Abastecimento Social da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), informou que o órgão dispõe de estoques no estado. No entanto, ele disse que os estoques nacionais de milho estão baixos, em quantidade insuficiente para atender também a demanda de médios e grandes produtores de suínos.
O representante do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, João Antônio Fagundes Salomão, também relatou esforços para facilitar o acesso de suinocultores a linhas de crédito para o custeio da atividade.
Na avaliação de Victor Ayres, da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), a alta do preço do milho afeta outras atividades, como a avicultura. Ele considera que a política pública de regulação de preços no mercado interno é ineficiente para as necessidades do produtor de proteína animal.
Logo após a audiência encaminhamos ofício para o Ministério da Agricultura cobrando medidas e sugerindo as propostas que foram elencadas para resolver a crise que os suinocultores estão enfrentando. Não é para amanhã, é para hoje. A situação é grave e a solução precisa sair do papel.”, — afirmou Dário.