Desde o início do ano já realizei dois discursos no plenário do Senado Federal demonstrando a minha profunda preocupação com a situação econômica do País e as suas consequências. Inegavelmente, estamos vivendo e enfrentando uma crise sem precedentes na história do Brasil.
O IBGE afirma que esse resultado vem da deterioração dos indicadores da inflação, dos juros altos, da falta de crédito, do desemprego e da renda, ao longo de todo o ano de 2015. Portanto, o atual cenário brasileiro é de incertezas, de indefinições e de desesperança, pois com a inflação alta não há crescimento e não há também produção. Aliás, a produção despenca, o desemprego aumenta, o consumo diminui, a arrecadação entra em queda e os Estados, a União e os Municípios, sem receita, entram em colapso, ampliando o cenário de desesperança que estamos vivendo hoje em todo o Brasil.
E o que é pior: com essa taxa de juros na ordem de 14,25%, não conseguiremos retomar o crescimento econômico.
Só para termos uma ideia do atual cenário, em 2015, o Brasil desembolsou cerca de R$ 500 bilhões com o pagamento dos juros e serviços da dívida, enquanto investiu apenas aproximadamente R$ 130 bilhões em Saúde. O retrato se repete na Educação, que também ficou em torno de R$ 120 bilhões. As rodovias federais, que levam o progresso do Brasil a todos os cantos desta nação, tiveram apenas R$ 20 bilhões investidos no ano passado.
Fico a me perguntar que país é esse em que estamos vivendo, quando, na verdade, desembolsamos quase 50% de tudo que arrecadamos com o pagamento dos serviços da dívida e dos juros, enquanto investimos em Saúde apenas um terço desse valor? Não é possível que não enfrentemos isso com firmeza, com atitude e, sobretudo, com dignidade para escrever um novo cenário na história econômica do Brasil.
Como senador, tenho a obrigação de alertar que a atual política econômica deixe de usar a taxa de juros como instrumento para baixar a inflação. Isso não está dando resultados. Pelo contrário, enquanto outros países têm adotado a política inversa, nós estamos naquela velha e máxima tradição dos juros altos.
POR: DÁRIO BERGER 

Senador da República (PMDB/SC)