O SR. DÁRIO BERGER (Bloco Maioria/PMDB – SC. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) – Obrigado.
Srª Presidente, Srªs Senadoras e Srs. Senadores, eu tenho sistematicamente ocupado esta tribuna para demonstrar a minha preocupação com a situação econômica do País, com as suas consequências e também com o cenário de dúvidas e incertezas que, ao invés de diminuírem, Senador Moka, têm se ampliado sistematicamente.
A dura realidade é que os números recentemente divulgados dão conta de que a atual crise continua e será longa. O combate à inflação, por exemplo, deixa muitas dúvidas. Dentre os números preocupantes da economia brasileira divulgados nas últimas semanas e no último mês está a alta da inflação, que girou em torno de 1,27% da inflação oficial do País, o IPCA.
O cenário atual, em minha opinião, exige atenção. Inflação alta gera vários e diversos problemas à economia. A variação de 1,27% veio bem acima das piores projeções feitas pelos principais analistas do País. Mais uma vez os vilões foram os aumentos decorrentes dos preços administrados, como também o preço dos transportes públicos, que dispararam em função dos fretes e do aumento do dólar.
Estamos vivendo realmente um momento de incerteza, de dificuldade, de definição de um rumo que precisa ser estabelecido mais rapidamente para o País. E o fato é que o País vive também com uma inflação inercial, aquela baseada pelos reajustes dos preços com base na inflação anterior.
O grande culpado disso, na verdade, é o próprio Governo, que gastou mais do que arrecadou e passou a admitir uma inflação acima da meta, que era de 4,5% ao ano, não promovendo então os ajustes necessários na época própria. E quando o Governo se deu conta desse problema, que corrói o padrão de vida dos brasileiros e destrói os orçamentos domésticos, já era tarde demais.
Esse foi um dos maiores erros do Governo. Afinal de contas, o Brasil vive com inflação desde 1930. O controle de preços é tão importante que um dos mais influentes economistas internacionais dedicados à pobreza, o Sr. Jeffrey Sachs, professor da Universidade de Columbia, nos EUA, quando esteve em Joinville, maior cidade do Estado de Santa Catarina, fazendo uma palestra no início dos anos 90 – eu não estou falando de hoje, Senadora Ana Amélia, no início dos anos 90 – a convite da Embraco, a maior empresa do mundo em termos de motores e compressores, deixou claro que inflação alta é a prioridade das prioridades da economia.
Sugeria o Professor: “Insistam, insistam e insistam no combate à inflação”, recomendou ele, evidentemente, numa entrevista concedida, à época, à conceituada colunista Estela Benetti, alertando que os preços desequilibrados estragam tudo.
Volto a repetir: o cenário atual exige atenção.
As principais consequências da inflação são:
A desvalorização da moeda do País e a consequente redução do poder de compra do trabalhador;
Com a inflação alta, a moeda vai perdendo o seu valor, e, com o passar do tempo, os trabalhadores não conseguem mais manter o seu poder de compra.
Outro grande problema é que, enquanto a moeda do País se desvaloriza, as outras moedas do mundo inteiro percorrem o caminho inverso, e quando esse país com inflação elevada é dependente de importações, os produtos importados sobem de preço, fato que alimenta ainda mais a inflação.
Além disso, num cenário adverso, a inflação alta é motivo de incertezas e o setor produtivo não investe. Como consequência disso, muitos investidores externos, em busca de rendimentos altos e rápidos, costumam fazer investimentos em países com inflação alta, cujo objetivo é tirar vantagem das altas taxas de juros, os chamados especuladores.
Esse capital especulativo é prejudicial para a economia de um país, pois grandes somas de capital podem entrar e sair rapidamente, causando instabilidade no mercado de câmbio, o que está acontecendo com o Brasil do presente.
E a lógica, meus Srs. e minhas Srªs Senadoras, é simples: juros elevados desestimulam os investimentos, desestruturam a produção de bens e serviços e formam um círculo vicioso de estagnação econômica, prejudicando ainda mais os investimentos internos. A consequência disso é o aumento do desemprego.
O país que não consegue baixar o controle da inflação sofre, no médio e no longo prazo, com o aumento do desemprego. Isso ocorre em decorrência da redução dos investimentos do setor produtivo. E, agora, a expectativa é de que neste mês, mês de março, as variações sejam menores, projetando uma alta acumulada no ano em torno de aproximadamente 8%.
Porém, a equipe econômica do Governo tem que ser mais enérgica no combate à inflação, tem que produzir urgentemente o ajuste fiscal, tem que gastar menos do que arrecada, tem que fazer com que a máquina administrativa seja mais eficiente e mais produtiva, sem o que não sairemos dessa crise no curto prazo. A situação, caso contrário, pode piorar se o Governo não fizer a sua parte, se não cortar gastos, se não aumentar a eficiência e se não resolver definitivamente o desajuste fiscal.
Se o Governo assim não proceder, vai aumentar substancialmente a desconfiança na economia, que já é grande, que já é enorme, que já é imensa, o que pressionaria ainda mais os preços relativos.
Com inflação, não se pode brincar. É preciso lutar para manter a estabilidade. E manter a estabilidade dos preços significa cuidar especialmente dos mais pobres. É o objetivo maior de um governo. Não há governo que não tenha maior objetivo se não lutar diariamente, sistematicamente para reduzir as diferenças e as desigualdades sociais.
Portanto, um projeto de desenvolvimento regional também se faz necessário, uma política industrial, porque as nossas indústrias estão caindo sistematicamente dia a dia. E o Governo precisa domar todo esse sistema…
(Soa a campainha.)
O SR. DÁRIO BERGER (Bloco Maioria/PMDB – SC) – … especialmente o sistema voltado à inflação.
A inflação não pode voltar a bater os dois dígitos no País, como ocorreu no ano passado, quando chegou a aproximadamente 11%.
Portanto, Srª Presidente, Srs. Senadores e Srªs Senadoras, realmente, a cada dia que passa, fico mais apreensivo, porque, quando percorro as minhas bases em Santa Catarina, recebo as mais diversas solicitações de empenho para que nós possamos, de maneira rápida e objetiva, buscar a solução para o País, sem política partidária e sem distinção, para que oposição e situação possam sentar-se a uma mesa e