Por ser representante de Santa Catarina, um estado com características turísticas, não há como não ter um olhar crítico e esperançoso sobre esse setor. Seja pela sua história, pela sua cultura e colonização europeia, seja pela sua localização e principalmente por causa das suas belezas naturais, o território catarinense é sem dúvida, um dos principais destinos turísticos do país e do mundo.
No atual e delicado momento por que passa o Brasil, em meio à sua mais grave crise econômica, o turismo desponta como a atividade econômica que mais rapidamente poderá ajudar o País a emergir da recessão e retomar os trilhos do crescimento e do desenvolvimento sustentável. Os inúmeros países que pontificaram o turismo como atividade de alavancagem do desenvolvimento social e econômico comprovam a viabilidade de adoção de política assemelhada.

O que muito nos orgulha é que temos à frente do Instituto Brasileiro de Turismo (Embratur), o catarinense Vinícius Lummertz, nomeado pelo presidente em exercício, Michel Temer. Com a sua experiência, Vinícius em seu discurso de posse lembrou que o nosso país foi construído principalmente por imigrantes, vindos dos mais diferentes “cantos do mundo”. Segundo ele, “os sonhos das pessoas de construir uma nova vida em um novo país ajudaram a moldar a sociedade que temos atualmente”.
Cabe lembrar, que o Brasil nos últimos anos vem sendo destaque no mundo, na recepção de vários eventos mundiais, de diversos setores, que puderam desfrutar da cordialidade do nosso povo e das nossas belezas naturais. Nesse contexto destacamos a conferência Rio+20, da Jornada Mundial da Juventude, da Copa das Confederações e da Copa do Mundo.
Esse ciclo se fecha em 2016 com a realização da Olímpiada e Paralimpíada no Rio de Janeiro.
Lógico que os problemas existem. Estamos num processo de transformação social e política, que entendo ser para melhor. Devemos cuidar da coisa pública e aproveitarmos essas oportunidades, citadas acima, como elementos de investimento e de melhoria da qualidade de vida do nosso povo.
Esse viés do turismo de eventos deve ser observado como um investimento importantes. Pois através dele, traremos mais oportunidades de emprego, melhorias na mobilidade urbana de nossas cidades e além de tudo, marcamos o nome do Brasil como destino turístico, sinônimo de segurança, bom atendimento e qualificação exemplar.
Em Santa Catarina não é diferente. As dificuldades também são muitas, mesmo tendo um território restrito e com tantas qualidades naturais e de colonização.
Temos um belíssimo litoral, talvez um dos trechos mais belos do país. A nossa Capital, Florianópolis, é formada por uma parte continental e outra pela Ilha de Santa Catarina. Estas belezas muito conhecidas, principalmente pelos nossos vizinhos argentinos e uruguaios, hoje já atraem turistas de toda a parte do mundo.
Saindo do litoral, o estado de Santa Catarina tem uma região de planalto, outra de serra, que nos qualifica a termos uma demanda turística durante todo o ano.
AÇÕES
Recentemente, em estudo minucioso realizado por técnicos da Federação das Industrias do Estado de Santa Catarina (Fiesc), dentro do Programa de Desenvolvimento Industrial Catarinense, o PDIC-2022, deficiências na infraestrutura, planejamento e qualificação profissional estão entre os problemas que o Estado enfrenta para ampliar sua participação num mercado que movimenta US$ 1,5 trilhão por ano em todo o mundo, o que corresponde a 6% das exportações mundiais e 30% dos serviços exportados. O PDIC é uma iniciativa da FIESC, com apoio da CNI e Fapesc. A Rota de Turismo foi desenvolvida em parceria com a Fecomércio e o Sebrae.
A atividade contou com a participação de 90 especialistas, representantes de cerca de 60 instituições e empresas públicas e privadas ligadas ao setor. Eles concluíram que o Estado precisa obter um reconhecimento internacional como destino turístico sustentável, inovador e competitivo, que proporcione experiências diversificadas e memoráveis.
Os debatedores concluíram que Santa Catarina tem dificuldades para planejar e executar as políticas públicas para fortalecer o turismo como atividade econômica sustentável. Além disso, apresenta carência em gestão, tanto nas três esferas do Poder Público, quanto no setor privado, na integração das diversas forças envolvidas, na infraestrutura; em informações sistematizadas e conhecimentos para tomada de decisões e em metodologias para elaborar a oferta de produtos turísticos.
Foram sugeridas mais de 300 ações, entre elas, a criação ou reativação de Fóruns de Turismo, de observatório do turismo ou a criação de programas de qualificação profissional.
DADOS
Santa Catarina gerou em 2014 R$ 1,6 bilhão em receitas oriundas do setor com turistas nacionais e R$200 milhões com internacionais. Dos eventos internacionais realizados no Brasil em 2013, o Estado sediou aproximadamente 5%. Em 2014, cerca de 1,1 bilhão de turistas viajaram pelo mundo. A Europa foi visitada por 582 milhões (51%) e as Américas por 181 milhões (16%). Atualmente, o principal motivo que faz as pessoas viajarem é o lazer ou a recreação (53%), seguido das visitas a amigos e parentes (27%) e o turismo de negócios (14%).
Santa Catarina gerou em 2014 R$ 1,6 bilhão em receitas oriundas do setor com turistas nacionais e R$200 milhões com internacionais. Dos eventos internacionais realizados no Brasil em 2013, o Estado sediou aproximadamente 5%. O segmento se destaca pelas amplas oportunidades que pode trazer à economia catarinense. O impacto do setor no Produto Interno Bruto (PIB) e no emprego das diversas economias se dá de forma direta e indireta.

Atualmente, a Organização Mundial de Turismo estima que o setor movimenta cerca de 9% do PIB mundial. A cada 11 empregos, um deriva desta atividade.

Em 2014, cerca de 1,1 bilhão de turistas viajaram pelo mundo. A Europa foi visitada por 582 milhões (51%) e as Américas por 181 milhões (16%). Tratando-se da receita do turismo internacional, dos US$ 1.245 bilhões gastos em 2014, US$ 509 bilhões (41%) foram consumidos na Europa e 274 bilhões (22%) nas Américas. Atualmente, o principal motivo que faz as pessoas viajarem é o lazer ou a recreação (53%), seguido das visitas a amigos e parentes (27%) e o turismo de negócios (14%).
Dados preliminares indicam que tivemos uma das mais movimentadas temporadas de verão de Santa Catarina. Não podemos, no entanto, crer que estamos navegando em águas tranquilas. O poder público e a iniciativa privada precisam trabalhar para levar Santa Catarina ao estágio do turismo inteligente, com menos sazonalidade, oferecendo ao visitante a integração entre infraestrutura, serviços, sustentabilidade e urbanização.
Um dos primeiros pontos a serem atacados é a infraestrutura. O despejo de esgoto em praias e rios não pode continuar. Temos que agir de forma incisiva, aplicando as mais modernas tecnologias para elevar os índices de balneabilidade do nosso litoral, proteger o meio ambiente e a saúde da população.
Também na infraestrutura é preciso equacionar a questão da mobilidade. Com vias que já estão saturadas e calçadas malcuidadas, a experiência de deslocamento vivida pelos turistas e, também, pelos moradores, em períodos de pico é frustrante. Mais uma vez, a solução passa pela vontade política e pela implementação de projetos avançados, que valorizem pedestres e ciclistas, e contemplem um transporte coletivo eficiente.
Este é o início de um trabalho fundamental para o turismo de Santa Catarina. Sem descuidar de nossos importantes recursos naturais, devemos potencializar o setor, tornando-o mais integrado e alinhado às necessidades dos visitantes. Acredito que com a dedicação e a persistência da iniciativa privada e do poder público, temos condições de colocar o setor em um novo patamar, gerando mais desenvolvimento e riqueza durante o ano todo, todos os anos.
POR: DÁRIO BERGER

Senador da República (PMDB/SC)